Suportaremos os tempos com novos corpos – dizias,
Enquanto a varanda de cima espreita veleiros
E o Tejo é aqui simples parede
Por nunca ter estado à tua altura.
Subindo ao andar de cima, penso ser mais simples o amor
Ou mais acessível,
Por haver dez degraus que nos separam
Que me fazem hesitar entre o teu corpo ou os barcos que rumam a diferentes países.
E penso que no primeiro andar ninguém me espera (estou só, entre paredes, tentando olhar as águas).
Imagino o terceiro mais alegre – foi lá que estive, foi lá que deixei presa a memória
E foi por ter existido um terceiro que desci dez degraus (talvez mais).
Como ninguém me chama, ficarei por aqui esperando barcos e novos inquilinos.
Suportaremos os tempos com novos corpos – já nem isso penso.
A tua casa não espreita coisa alguma.
Por cima dela ergueu-se, subitamente, um quarto andar.
Fala-se da realidade virtual a que todos aspiramos.
Troca-se um e – mail.
Passado pouco tempo
Temos a nova menina, o novo menino.
Se me apetece subir? São só dez degraus em cada lance.
1 comentário:
... notável conjunto de textos...
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