quinta-feira, outubro 01, 2009

Raymond Carver

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Em poesia, na minha ou na de outros, eu gosto de narrativa. Um poema não tem que contar uma história com princípio, meio e fim, mas - para mim - tem que estar em movimento, tem que caminhar de forma viva, tem que fazer faísca. Pode mover-se em qualquer direcção - recuar no tempo, saltar para o futuro, desviar-se por caminhos muito preenchidos. Pode até romper com os limites terrenos e procurar habitação junto às estrelas. Já nos pôde falar com uma voz que vinha do lado de lá da sepultura, ou viajar com um salmão, ou gansos selvagens, ou gafalhotos. Mas não é estática. Move-se. Move-se: e apesar de poder haver elementos misteriosos no trabalho de o escrever, o desenvolvimento do poema é intrínseco, uma coisa sugerindo outra qualquer. E brilha - ou, seja lá como for, eu espero que brilhe.
(versão minha do 4º parágrafo do depoimento do poeta reproduzido em The generation of 2000 - contemporary american poets, organização e selecção de William Heyen, Ontario Review Press, Princeton, New Jersey, 1984, pp. 24-25).

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