Prefiro os escombros
e também o vento que entre eles
soube aprender línguas,
cobrir as maiores distâncias,
nesse tempo falávamos mais
e o mundo parecia tremer aberto à ênfase
ao embalo que levava a frase,
através da infância chegava-se a todo o lado,
mas hoje é difícil,
aquilo que importa resiste sem ser visto,
e dependendo da hora
se forem suficientes os que dormem
ainda se pode escutar a canção dos bosques,
se cresceste do lado da impaciência
és derrubado todas as tardes
pela inclinação e os contornos que assume a luz,
persiste um rumor por aqui que atrai os navios,
os homens pedem um pouco de água doce,
e o ar ganha outro peso,
é teu vizinho esse pobre e velho homem
cego, cego como um morcego
e que leva o seu murmúrio à frente
alimentando-se como Homero
das vozes, dos ecos mais antigos
e que se acham tão vivos como dantes
pois comovem igualmente esta terra,
afinal somos ainda os mesmos,
e a ti toda essa proximidade
tem-te cada vez mais atento;
escuta, força o inferno
a sair da mais branda matéria,
vai buscá-lo e à beleza onde tiver de ser,
e quando for hora de regressar aos navios
entre as vozes gregas estará a tua.
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