domingo, julho 04, 2021

Poses mansas

 


O poeta é todo urticárias, alergias, desinteresse por isto a cavalo naquilo, mais vale coçar-se, não lhe venham com nimiedades dessas, mas quê?, edição, recepção, recensões, leitores de poesia! (puta que os pariu!), era o que mais faltava, não tem cu para isso, e ainda assembleias, bandos de bardos, gentuça... nã, passa-lhe tudo muito ao largo, tem de ir enterrar o gato, o pardal, a borboleta, o bicho da conta, de resto, há uma probabilidade de estar para fora, senão, pelo menos, está de malas feitas sobre a cama, está sobre o muro de alpercatas e calção, camisinha havaiana, panamá, tem a mão erguida a fazer de viseira e a deixar nervosa a linha do horizonte, que espia com método, dêem-lhe é destinos, milhas, trópicos mais ou menos tristes, audiências de fio de baba ao canto, e algum palco, isso sim, ele já papa, festivais, estamos nessa, agora tendências, porra, isso dá-lhe para o bocejo, até os tricota e faz camisolinhas com aquele desalinho ruço, este hipster rústico que bate a chapa na oficina dos versos não está é para aturar essas conices, mas com tudo o que não lhe interessa, com todos os temas rasurados da ementa, depois, chega a vez de falar, e surpresa, é o umbiguinho à vista e mais nada... aí bocejamos nós.


 

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