Vivo na cercania da cidade
onde por sortilégio te cruzei
para sempre refém da tua face
– santa, como conversa num convento
de frades obrigados ao silêncio.
Por destino ou acaso, tu e eu
enredados em pedras e folhagem
de oliveiras sobre água debruçadas
– na Praça dos Cavaleiros da Cruz.
E dissemos adeus ao fim da noite
em rua, sem ninguém, de ignoto bairro.
Só de leve toquei teu ser e guardo
toda a tua figura como minha
impressão digital que me transforma
noutra carne que em mim não conhecia.
Vivo na cercania da cidade
de Praga, numa vila da província
– do cabo oriental da velha Europa.
- José António Almeida
in Arco da Porta do Mar, & etc
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