domingo, outubro 30, 2011

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7dmbXCyS0NPyq9SHJgepLY0GepDqTRk2zV7DzwBLc_3SWrH55Sd95WXMaiad21wQWDk3F6-6MXCIIBb0V1AxKVkvt6p01Ny9ETfxHFZaWjQWPP6rzYJKIvpY8jjcL0UHloe4W/s1600/Barahona.jpg


CORRESPONDÊNCIA COM MÁRIO CESARINY


Loira, curva, espontânea
é a zona que atravesso
no meu cavalo de espelhos
À luz do vidro e do metal
mato pulgas de oiro azul,
em homenagem ao António
Maria e dele não me esqueço
Já ganhei a idade das barbas:
agora sou um barbo
a violinar, como diria o Herberto,
no rio poluído
Toco bem fundo
o botão entre os limos,
Mário,
mas olho muito depressa como se fosse de moto
e não posso em ti deter-me por mais tempo

Acelero a lucidez,
a alâmpada e a luva:
a estrada é muito larga sob a chuva,
o meu chapéu de sol acende a água:
intensamente álacre a minha mágoa
recusa-se a ser triste
e desço ao inferno
pleno de esquizofrenia
e alegria

Loira, curva, espontânea
é a zona que atravesso
no meu cavalo de espelhos,
de todos me despeço,
dos novos e dos velhos
e solitário amanheço

- António Barahona
in Raspar o fundo da gaveta e enfunar uma gávea, Averno

Sem comentários: