O lodo e o lixo vêm outra vez à tona.
Palhaços da patética demônió-cracia
ensaiam novos números de circo
e a multidão ignara rejubila.
Centenário, eleições, crise, fome,
sindicatos, manifestações, a puta que os pariu!,
por enquanto ainda há muita gente que come,
depois haverá fome como nunca se viu!
O poder vai cair de muito baixo,
falho d’autoridade, no meio da estúrdia,
e a Anarquia de direito sobe ao trono:
montras partidas de pastelarias finas,
restaurantes, cafés, mercearias, tascas,
assaltos a super-mercados, cofres, bancos,
à mão armada, ossos a romper a pele,
fogo posto nas morgues dos museus
e na morgue com bicos do nobél.
Escancarada a porta à Anarquia absoluta!
A grande choldra cerce, sem misericórdia!
Ecoam uivos as ordens aos verdugos:
à polícia de choque, cortem-lhes a cabeça!
A classe baixa e suja dos políticos
limpa as latrinas públicas e cava valas!
Banqueiros, corretores e usurários,
esses ocupam-se da limpeza dos esgotos!
Os cobradores de impostos apanham, uma a uma,
folhas sêcas, e cortam erva nas avenidas!
Quanto às ministras: vão todas lavar escadas!
E as deputadas podem reciclar-se em putas!
E os heróis puros preenchem seu lugar cimeiro.
El-Rei fica a dever, à Anarquia reinante,
a glória do Regresso em manhã de Nevoeiro:
Dom Sebastião com tenças e de turbante.
O Anarquista, abraçado ao Rei, tem asas.
- António Barahona
in Raspar o fundo da gaveta e enfunar uma gávea, Averno
Sem comentários:
Enviar um comentário