alguém impôs um limite à música,
respiração que nos iluminou noutros dias.
Houve ordens nesse sentido,
e é para o teu próprio bem.
Há seres que se vêem empurrados
para o passado, trancados na memória
repetindo os mesmos lugares
onde encontraram aquele resumo
falso do que a vida poderia ser.
Quando a presença dos desconhecidos
deixa de surtir em nós qualquer efeito,
o mundo já não nos prende.
Bastam então os elementos para
nos sentirmos a apodrecer, calma,
docemente. Os nomes
começam a despegar tal
como o papel de parede.
Não ousarias dizer mais nada
de modo a não perder o fio.
Tínhamos de sair daqui,
mesmo não havendo outra coisa
é melhor estar de passagem,
não recear pôr termo às coisas.
Que última hora terá o sol
neste lugar para nos vir dizer
que o corpo é uma oração
e que ninguém poderá saber
desta ferrugem que nos consome
a carne, da areia que encontramos
nos bolsos, do deserto que levamos
cá dentro.
Sem comentários:
Enviar um comentário