sexta-feira, julho 03, 2020

Resposta a Francisco Vale


Jornalista genial conversa com editor inigualável

Quando um jornalista que se considera genial entrevista um editor que se acha inigualável, o resultado deveria ser uma epifania, um clarão iluminando a nossa precária vida literária.
Mas a conversa que Diogo Vaz Pinto (DVP) teve com Hugo Xavier (HX) da E-Primatur nas páginas do «i» de 29 de Junho é um exemplo do que de mais presunçoso há no meio literário lisboeta — na verdade, bastante lisboeta e bem pouco literário.
Discorrem sobre as misérias do mundo editorial, investindo contra a falta de escrúpulos que campeia em seu redor, da Antígona à Dom Quixote, passando pela Presença e a Relógio D’Água (RA).
Comecemos por aquilo a que chamam ética e confundem com o «respeito» por quem já publicou um dado livro, mesmo que o possa ter feito em tradução lamentável, como sucede com obras da E-Primatur, designadamente algumas que publicou de Dickens.
O que é um editor?
A E-Primatur e a sua chancela Bookbuilders editam obras a pedido de leitores num processo de crowdfunding, em versão um pouco mais selectiva e literária do que a Chiado Books. Ambas publicam sem riscos, sendo estes assumidos pelos leitores, no caso da E-Primatur, e pelos autores, na Chiado Books.
Para mim, tudo isto é o contrário do que é um editor, que deve ser capaz de assumir riscos e de dar aos leitores o que eles pretendem, mas também de os surpreender, e mesmo desafiar. Sem tal atitude, nem Walt Whitman, nem Kafka, Joyce, Musil ou Pessoa teriam sido publicados. Considero, por isso, a E-Primatur uma espécie de funcionalismo público da edição.
A acusação que DVP e HX fazem à RA é que terá editado obras de Dickens já saídas na E-Primatur — reconhecendo embora que a RA já o fazia bem antes de a E-Primatur ter iniciado a publicação do autor. Na verdade, na RA já havia saído «David Copperfield», «História em Duas Cidades», «O Amigo Comum» e «Tempos Difíceis», e tudo indicava que prosseguiria com os principais títulos de Dickens, pois é isso que habitualmente faz.
Há diferentes modos de traduzir (tradução à letra, tradução criativa, etc.) e é preciso ter em conta que algumas traduções da E-Primatur são francamente más, como é o caso de «Bleak House» ou de «The Old Curiosity Shop», em que recorreu a uma tradução do final dos anos 40 de Ersílio Cardoso, que tem vários problemas e nem sequer parece ter sido revista. Creio que os leitores portugueses têm o mesmo direito que os ingleses, holandeses, franceses ou alemães a poderem escolher entre diferentes traduções dos mesmos clássicos.
A indignação subiu de tom com a iminente publicação pela RA de «Os Sete Pilares da Sabedoria», de T. E. Lawrence, saído na E-Primatur há uma ou duas semanas. Ora esta última edição retoma no essencial a publicada pela Europa-América em 1989 em tradução de Clarisse Tavares, e que pode ainda ser encontrada em várias livrarias e alfarrabistas. Nem a E-Primatur nem a Europa-América indicam o texto original que usaram, o que seria importante, dado as metamorfoses que a obra conheceu. Ambas usam o prefácio de A. W. Lawrence e os mesmos dois apêndices. Se HX aplicasse a si próprio os critérios que usa para os outros, nunca teria editado «Os Sete Pilares da Sabedoria».
A edição em Portugal
Mas é na análise da nossa vida editorial que DVP e HX revelam todo o seu saber. Nem outra coisa seria de esperar de tão brilhantes currículos. DVP trabalha no «i» e no «Sol», jornais de referência em qualquer parte do mundo. HX formou-se na Vega e colaborou com a Babel, duas editoras de quem diz o pior possível. Ajudou ainda a fundar a Cavalo de Ferro, que acabou por ser vendida à 20|20. Só por mera distracção a Gallimard, a Faber ou a Suhrkamp ainda o não arrancaram a este país sem horizontes.
Para HX, a edição portuguesa teve um período notável antes de Abril de 74, a que se seguiu um outro, que se distinguiu pelo desrespeito pelos compromissos e o pagamento de direitos autorais, prejudicando a nossa imagem internacional. Com algumas excepções, este período ainda estaria em vigor.
É certo que entre os anos 50 e meados dos anos 70 do século passado houve editoras notáveis como a Portugália, Estúdios Cor, Ulisseia, Moraes, Arcádia, Dom Quixote, Estampa, onde trabalharam Saramago, Natália Correia, Cardoso Pires, Alçada Baptista ou Herberto Helder. Revelaram escritores portugueses e estrangeiros contemporâneos como Faulkner, Hemingway, Dos Passos, Fitzgerald, Ralph Ellison, Thomas Mann, Moravia, Colette, Pavese, Le Clézio e muitos outros. Para elas trabalharam gráficos e pintores como João da Câmara Leme, Abel Manta, Júlio Pomar ou Vespeira.
Mas, apesar desse importante trabalho, realizado em condições adversas de censura, não deixaram um grande legado à geração de editoras que se lhes seguiu, ao contrário do que afirma HX. É que padeceram limitações próprias do seu tempo, sobretudo a falta de tradutores do alemão, do russo, do italiano ou até do inglês. Tolstoi, Dostoievski ou Goethe eram traduzidos do francês, o que só por si implica à partida um acentuado desvio do texto original.
Nas três últimas décadas, o cenário mudou. Traduz-se habitualmente do original, no caso do alemão, do russo, do grego ou do italiano, e há mais de uma dezena de bons tradutores literários do inglês. Os direitos internacionais são pagos, até porque a internet permite saber tudo o que se publica por cá, e os editores e os agentes literários visitam Lisboa regularmente. Traduzimos autores em simultâneo com a França, Inglaterra, Itália ou Canadá. Onde clássicos como Tolstoi, Dostoievski, Dickens, Conrad ou Stendhal têm diversas traduções, em editoras como a RA, Guerra & Paz, Dom Quixote e Presença.
É certo que há novos problemas, como a concentração em dois grupos editoriais, mas isso não impede a criatividade dos editores independentes.
Interrogo-me sobre a ostensiva agressividade de DVP para com a RA, que chega a incomodar o seu entrevistado. Penso que poderá ter a ver com a recusa da RA de um original seu de poesia há alguns anos. Mas DVP também é editor e sabe que estes têm o direito de defender a qualidade do seu catálogo usando critérios pessoais, e que, de qualquer modo, um jornalista não deve usar o seu acesso aos meios de comunicação para ajustes de contas.
A entrevista no «i» não é tanto uma análise da nossa vida editorial como um desejo comum de ajustar contas com adversários para quem habitualmente são irrelevantes.

Francisco Vale
Lisboa, 2 de Julho de 2020


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Francisco Vale e a política de terra queimada

Posso imaginar a chatice: está o homem na sua cripta como uma lesma na casca, nuns ranhos de literatice, e ouve o seu nome gritado nuns tumultos cá fora. Estava ali com o seu ar de susto, os livros em pilhas, como tristes criados ou uma corte de disformes gárgulas de roda, obrigados a ouvi-lo nos seus monólogos de patarata, e vê-se interrompido, sendo possível também que se tenha picado, isto se supusermos que na altura o alfaiate se ocupasse de lhe tirar as medidas para a túnica de gaze, antecipando as cerimónias de mumificação. Mas quem ousa invocá-lo, sem levar em conta o perigo de, assim, estar a lançar sobre si mesmo uma terrível maldição? E logo num jornaleco, da forma mais vã: uma entrevista a outro editor onde se sugere o seu nome como um dos agentes da canibalização editorial entre nós, das práticas de copianço, andar em cima do que fazem os outros, todos esses maus modos com que o mais forte, aborrecido com os limites do recreio, se dedica a aniquilar o mais fraco, como fazem os miúdos que, em vez da paixão de entomólogos, se sacam da lupa não é para estudar mas para fritar insectos.
Com uma figura que, há décadas, se anda a oferecer a quem queira explorar as sinistras possibilidades do nosso meio literário, um autor que extraia dele uma feição romanesca, Francisco Vale poderia ser descrito como um desses homens envilecidos pela decepção, o escritor falhado que se vinga dos deuses da literatura encarnando o papel de um cadaveroso editor, aquele que, em lugar do entusiasmo de um leitor, regressando das suas expedições entre o sonho e a vigília com algum texto alucinante, mordido e com uma estranha infecção, desejando cuspi-la no sangue de outros, nos surge apenas como um carcereiro orgulhoso da sua colecção de reclusos, regozijando-se com os uivos abafados que lhe chegam das celas por baixo do seu escritório. E, depois de termos ousado expor as suas velhacarias, apontar o seu monte de carcaças, dedicou-nos uma das suas encíclicas, arreganhando-nos a dentuça, mas sem outra coisa que um tom chocarreiro. Ele que editou o que de mais vingativo deixaram esses génios que, do interior da sua impotência, erguem estrondosos libelos, num ranger de dentes perpetuado pelos séculos, com a sua carga difamatória que atinge o carácter de homens cujo número nunca diminui. Não esperávamos, é certo, umas bojardas valentes de um escriba que tem de apoiar-se na mais pobre gramática para ir controlando a passagem do ar, tendo atravessado na garganta um pedaço de comida mal mastigada. Uma espécie de usurário que, de tão somítico, não nos dispensa nem uma frase com relevo ou brilho, só essas côdeas, no registo a que nos habituou nessa indispensável colecção de ideias feitas sobre “Autores, Editores e Leitores”. Nesse deplorável canhenho, Vale regurgita uma série de banalidades de base, patacoadas, sonsices, numa intervenção de cura de aldeia dirigida ao seu beatério. Com toda aquela literatura presa pela asa, serve-nos assim o testemunho da edição como outra embirração, quando aparte o lucro extraído desse negócio de almas, no juízo só fica uma tempestade de poeira. Para lá de não conseguir disfarçar na prosa a voz de sopa de ervilhas, ouvimo-lo sorver com muito esforço para não sujar-se, com a colher tremendo-lhe junto aos beiços, e a ira de quem não admite um movimento espontâneo de polémica, de inconciliáveis antagonismos em riste.
Incapaz de contrariar aquilo de que o acusamos, ensaia desde logo um golpe baixíssimo, e vem com uma história muito mal contada, armando-se de preconceitos, levantando a suspeita de que tudo não passa de uma vendeta pessoal. Revela, assim, que um livro meu teria sido proposto à editora e que a sua rejeição terá provocado em mim uma tremenda indisposição. Mas a bala que antes de disparar limou é prova bastante da sua canalhice e baixeza. Já depois desse episódio, talvez um ano mais tarde, não estará esquecido de que fui entrevistá-lo para o semanário Sol, publicação de que agora escarnece, e de como elogiou esse trabalho e outros, mas sabe também que o tal episódio, se relatado de forma fiel, deveria envergonhá-lo. Então por que o conta? Devemos concluir que ou Francisco Vale é parvo ou que nos toma por parvos. Sabe muito bem que não partiu de mim a iniciativa de propor o livro, porque foi ele quem, por sugestão de um dos seus autores, me pediu que lhe enviasse uma selecção de poemas dos livros até então publicados juntamente com alguns inéditos. Foi só isto o que fiz. E nisto nem sou ao menos um caso isolado, havendo outros autores, como vim a saber depois, a quem este editor teve o descaramento de pedir que lhe fizessem chegar livros para depois recusar a sua publicação. É evidente, assim, que a sua intenção ao contar esta história era canina, mas para sua desgraça, calha ter os dentes moles. Contudo, e ainda que a mordida não deixe marcas, a podridão que exala vem exigir-nos um cautério.
São inúmeros os autores que tiveram e têm livros a aguardar anos a fio que o tão estimável editor, sempre tão recalcitrante, depois de mostrar algum interesse, se digne dar-lhes uma data de publicação, obrigando-os a andarem atrás dele, até perderem de todo a paciência e desistirem, entregando-os a outras editoras. Fez isto com autores e tradutores da casa. E não episodicamente; é o que faz de forma sistemática. De tal modo que Hélia Correia, na altura em que lhe entregou “A Terceira Miséria”, fez acompanhar o manuscrito de uma ameaça: “Ou o publica em tempo útil ou entrego-o a uma pequena editora que o faça.” Dada a revelação distorcida que fez de uma conversa privada, liberta-me também para falar da colecção de poesia que aceitou que eu dirigisse para a sua editora, isto também uns dois anos depois da “rejeição” do meu livro, e de como fui levado a desistir por me ter feito entender que o papel de coordenador não seria nem pago nem publicamente assumido. Sabe também que nunca precisei de desculpa para ir atrás deste ou daquele. Refilo por princípio, e se tem vezes que chega a ser um terrível hábito, muitíssimo inconveniente se tivesse grandes aspirações no país que é só até ao joelho e que tanto se arrelia com quem dê saltos, até pelo péssimo estado em que tem o chão de soalho, isso também me defende de ter de definhar em longas filas que, afinal, estão ali apenas para fazer esperar e desesperar quem não dá pelo cheiro a esturro da operação. Por outro lado, vai-me faltando o talento para esse jogo pingado dos “pequenos golpes da cuidadosa, afiada sacanice”. E já tenho, e disso é um exemplo a sua esguia e perversa acusação de ressentimento, um inferno garantido, obstáculos de toda a ordem, a cicuta dada às colheres. Mas ou se escreve contra tudo isso, assumindo a atitude da nossa consciência, ou nos reduzimos à atitude do nosso interesse, e isso para uma vida literária não serve; dá é um grande sono. Infelizmente, há muito que os editores e agentes desta colónia penal não têm feito muito mais do que dar-nos sono. E se todos se queixam, é sabida a dificuldade de se ter um gesto mais firme, apontar nomes neste país onde, só de puxar a mão atrás, já se arrancam teias onde vivem famílias inteiras, e depois, quando se vai dar um estalo, entra tudo numa choradeira pegada. Se vamos lá sacudi-los, ficam num aviltamento que só visto.
Blaise Cendrars disse que “uma caneta é uma coisa estúpida” já que “consegue sujar tudo”, mas pior só um editor sem escrúpulos e sem o compasso de um juízo firme, que se guia pelo faro dos outros, que se faz valer dos acertos dos outros para criar condições de comércio mesquinho e relações de enfeudamento. Francisco Vale encarna bem esse personagem: o editor de cabeceira de um país de meias-tintas. Num catálogo como o seu, catálogos de milhentos títulos, tudo entra para uma debulhadora, indiscriminadamente, e um ano ou até alguns meses após a edição de um título, na prática, este já fica na condição de descatalogado, afundando-se nalgum armazém; deixa de ser trabalhado ou sequer visto, muito por culpa, é claro, do regime de acelerada rotação nas livrarias, que julgam que estão a vender frescos & molhados. Mas Vale tem sido dos editores que melhor soube adaptar-se a esse modelo em que a cada estação se sucede um novo lote de novidades com cargas de napalm. E o pior é essa vingança contra os livros mal-sucedidos, que o melhor seria que fossem guilhotinados, entregues por cêntimos para a pasta de papel, ao invés de darem à costa nalguma feira, sujeitos a saldos humilhantes, que não só desfiam a estima pelos livros, desprestigiando-os, mas que condenam o autor e a obra, tornando inviável a um outro editor que faça o seu trabalho com mais empenho, mais dificuldade. A isto se chama a política de terra queimada. E uma editora como a Relógio d’Água aplica-a à risca, como quem envenenasse um solo comum. E, no fundo, o que tem não é bem um catálogo mas um índice. A sua gestão é mais apropriada a um cemitério de papel.
Ora, aqui vale a pena insistir na distinção entre editores e fabricantes, industriais do livro. Sendo certo que nisto os absolutos não nos ajudam muito, pois da indústria vêm preciosidades, e há muito lixo que nos é impingido por aqueles que se posicionam confortavelmente numa suposta marginalidade. Assim, não se pretende aqui menosprezar inteiramente a actividade deste ou de outros empresários do livro, uma vez que, como está à vista de todos, se naquele catálogo a bagatela trivial surge ao lado da relíquia solene, ninguém nega o seu riquíssimo fundo, e que tem tido um papel da maior importância indo buscar os clássicos, mas essa mesma relevância, esses mesmos títulos não lhe conferem impunidade. Ou será que, em sinal de agradecimento, julga que lhe devemos uma submissão conformista? Os clássicos também são bons para lavar a imagem de qualquer troca-tintas, os oportunistas que reinam nesta anárquica bagunça. E se o Vale-Tudo já empilhou a sua montanha, tem-nos lá, acolhidos no armazém, como numa camarata, a ressonarem altíssimo, de forma penetrante, provocando arrepios, essas obras-primas da literatura universal, e até as tem sobre a lareira, como se fossem medalhas, diplomas ou cabeçorras da caça grossa empalhadas, também não lhe faltam êxitos de oportunidade, e os títulos que se manda lá fora que se edite e venda por grosso, nessa lógica expansionista de uma mesma literatura, uma igual para todos. Por isso, também sabemos com aquilo que ele conta do seu público, essa aceitação passiva das opiniões impostas, sobretudo das directivas transpostas lá de fora, no fundo, participa como outro agente de viagens, e até agradece o apagamento das faculdades críticas, a preguiça de exame, o desaparecimento de uma literatura que fosse uma consequência deste lugar, tanto como deste tempo, capaz de abalar as consciências. E é evidente que tem a sua quota de responsabilidade pelo facto de a criação literária ter perdido influência, de terem desaparecido ou de estarem reduzidas a uma secção ínfima as obras actuais que continuam a investigar e fazer experiências dentro do conhecimento, nesta língua. Podíamos também falar nos inúmeros exemplos de obras pessimamente traduzidas no catálogo da Relógio d’Água, algumas assinadas pelo próprio editor, como “As Ondas”, de Virginia Woolf. Outras, como “Sobre Arte, Técnica, Linguagem e Política”, de Walter Benjamin, são já referências em termos de trapalhada da grossa, de uma demonstração de incompetência técnica clamorosa e que deviam obrigar Francisco Vale a pensar muito bem antes de acusar outro editor de ser leviano nas traduções que faz chegar às livrarias. De resto, também já me pronunciei longamente sobre a obra reunida de Rimbaud. Mas mais útil seria aproveitar esta colecção de pilhérias que, em menos de nada, acabarão esquecidas, para vincar uma lição conhecida dos grandes bibliófilos: a de que a qualidade do trabalho dos editores de um país deve ser avaliada pelo que vai surgindo nos alfarrabistas e nessas livrarias, em cada vez menor número, onde se pode comprar livros usados. Esses livros que, mesmo não sendo raros, são continuamente procurados e coleccionados pelos leitores. Ao fim de um tempo, os livros tornam-se inapetecíveis se na chamada que os sucessivos leitores vão fazendo os seus títulos ficam por pronunciar e nem as mãos são atraídas pelo objecto. E é difícil imaginar que o catálogo da Relógio d’Água, do qual era o próprio editor que se desfazia todos os anos, numa espécie de liquidação total dos fundos, tenha assim boas chances de vir a reemergir para uma segunda vida nos alfarrabistas.

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