quinta-feira, novembro 22, 2018
Queria a vida negra de um apóstolo execrado
os dentes cuspidos, apanhados do chão
num silêncio de torre
a fazer pontaria, despenhar-me
as horas levaram enfim a melhor sobre o relógio
depois de almoçar o cuco, só os segundos
trocam recordações
a cadeira muito quieta como se amarrada
e o espaço entre colheres faz já cinquenta anos
num soluço com a gaiola só para ele
toda a mão num gesto lento, curvo
como a aurora sobre a Terra
os passos contados de uma viagem
oiço-a fazer e desfazer-me as malas sobre a cama
o comboio enraíza-se, as tardes fazem dele
um lindíssimo acidente
e a povoação perde-se do mundo
estão vazios os lugares
onde a espera nos tornou elegantes
onde deixámos cópia de todas as cartas
e vi rostos que de rodar apenas
se transformavam buscando alguém
aí onde os ecos caçam para se alimentar
voltamos por caminhos diferentes a um mesmo quarto
esfrego os olhos, um vestido
despe-se sozinho
e o perfume chora por ela
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