terça-feira, junho 19, 2018

O rococó explicado às criancinhas que só tiram alguma coisa da vida a partir de analogias futebolescas


O MARADONA é o rococó. Sei lá. Se o Pelé é a laranja inteira, ele é um doce sofisticado, que ele fez com aquele sumo. É um sujeito hiper cultural, não me parece uma força instintiva. Me parece mais um produto civilizatório, aristocrático, fino. Pessoalmente acho que é diferente disso, talvez seja um cafajeste completo, mas o jogo dele eu acho que era um jogo de erudito, um cara que leu Kant. Alta cultura. Ele pega aquele momento em que o futebol estava se compreendendo, se especializando, de um hiperdimensionamento técnico, aquela coisa pós-Holanda, e ele é o cara que olha pra um lado e bate pro outro. Sabe uma coisa que é muito dele? É o efeito. Ele põe muito efeito na bola. É uma bola meio possuída, como se injetasse um demônio da sofisticação, da consciência, da cultura, que em geral os jogadores lidavam com a força, chutava mais forte, mais fraco. Com o efeito, você consegue mudar um pouco isso.
- Nuno Ramos

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