O MARADONA é o rococó. Sei lá. Se o Pelé é a laranja
inteira, ele é um doce sofisticado, que ele fez com aquele
sumo. É um sujeito hiper cultural, não me parece uma força
instintiva. Me parece mais um produto civilizatório, aristocrático, fino. Pessoalmente acho que é diferente disso, talvez
seja um cafajeste completo, mas o jogo dele eu acho que era
um jogo de erudito, um cara que leu Kant. Alta cultura. Ele
pega aquele momento em que o futebol estava se compreendendo, se especializando, de um hiperdimensionamento técnico, aquela coisa pós-Holanda, e ele é o cara que olha pra
um lado e bate pro outro. Sabe uma coisa que é muito dele?
É o efeito. Ele põe muito efeito na bola. É uma bola meio
possuída, como se injetasse um demônio da sofisticação, da
consciência, da cultura, que em geral os jogadores lidavam
com a força, chutava mais forte, mais fraco. Com o efeito,
você consegue mudar um pouco isso.
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