terça-feira, outubro 01, 2013
Sérgio Rubens Sossélla
a enfermaria do hospital era o saloon
os outros doentes companheiros de fazenda
as enfermeiras coristas
os médicos delegado gerente de banco ferreiro
a cama relinchava corcoveando
firmou-se para o último rodeio
cela estribos rédeas aos saltos
suportou os solavancos por um minuto
mastigou o sangue e aguardou
que o anjo do senhor sacasse primeiro
os monstros aterradores saíram dos sonhos
porque também não agüentavam o esquecimento
os monstros inexteriores
me roíam sonhos em pesadelos
e agora dormimos tranqüilizando
destroços de pesadelos em sonhos
com 7-cloro-1, 3-dihidro-1-metil-5-
-fenil-2H-1, 4-benzo-diazepina-2-ona
não mais encontro aquelas rimas de antes
para as minhas pobres e podres feridas amantes
entretanto não seriam as novas palavras faltantes
que tornariam amortecidas e menos doídamente rimantes
estas minhas delicadas e rubras flores incicatrizantes
quanto mais aumenta a saudade
quanto mais me diminui o tempo
quanto mais me bate o coração
quanto mais cresço no tormento
o teu rosto afago encequecido
os mortos falam mais
depois que morrem
o silêncio deles
é mais do que mortal
abri o portão da fazenda
as estrelas passaram
a noite permaneceu
um dia na vida de um peixe
a recapitulação do seu nadar nesse líquido labirinto
ninguém consegue precisar
o dia anterior, mal dormido
se intromete no dia de hoje.
suas luas não combinam.
estou pouco me ligando
em atingir o universal
basta-me a gostosidade
de que o meu quintal é meu
e nele eu canto de galo
pesadelos
esses cariados buracos da noite
onde caímos e nos repetimos
chovia naquela noite quase na esquina
eu caminhando só o aperto na garganta
um filme classe bê dos anos cinqüenta
a rua asfaltada e de iluminação fraca
o aperto na garganta eu caminhando só
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poesia de fora
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