A minha juventude foi desenfreada
em maviosa fúria mais amor de louco:
deambulava lúcido na noite d'ébano,
dormia a sono sôlto sob a chuva;
no ébano esculpia um som de linho,
cada gota de chuva era uma pérola
irregular, e o sonho meu vizinho
E descobri as leis da linguagem:
o poema a si próprio se escrevia
sem minha intervenção e só com minha
caligrafia branca numa nuvem
Agora, que começo a ser incómodo,
a minha juentude é d'arte sacra:
as coisas só se voltam do avêsso
pra dar com Deus de caras na palavra
- António Barahona
in Maçãs de Espelho, Língua Morta
Sem comentários:
Enviar um comentário