Um mundo visível para amar ou rejeitar;
Remexendo a sua vida, o poeta alcança
As imagens que irão unir ou magoar,
Da Vida à Arte por apropriação dolorosa,
Confiando em nós para tapar a fenda;
Só as tuas notas são o engenho puro,
Só a tua canção é uma dádiva absoluta.
Oferece-nos a tua presença, prazer que se despenha
Pelos açudes das pernas e as represas da espinha
E o nosso estio invade com silêncios e dúvida;
Só tu, só tu, canção imaginária,
Te impedes de dizer que a nossa vida errou
E derramas o teu perdão como um vinho.
- W.H. Auden
(tradução de José Alberto Oliveira)
in O Massacre dos Inocentes, Assírio & Alvim
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