quarta-feira, março 28, 2012

Rimbaud

As noites, as pontes de comboio, a má estrela,
Os seus temíveis companheiros não as conheciam;
Mas nessa criança a mentira do retórico
Queimavam como uma fornalha: o frio fizera um poeta.

As bebidas que o seu amigo tíbio e lírico
Lhe comprava, perturbavam-lhe os cinco sentidos
Terminando com todo o nonsense corriqueiro;
Até se alhear dos pecados e da lira.

Os versos eram uma doença específica do ouvido:
A integridade era de menos ; parecia
O inferno da infância: devia tentar de novo.

Agora, galopando pela África, ele sonhava
Um novo eu, um filho, um engenheiro,
Cuja verdade mentirosos aceitassem.

- W.H. Auden
(tradução de José Alberto Oliveira)
in O Massacre dos Inocentes, Assírio & Alvim

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