e silencioso seguiu os meus
passos. Parava
a uma distância prudente, como animal
que quisesse e temesse a minha amizade.
Quando entrava e saía,
esperava-me paciente e sempre
erguido, cão incansável,
teimoso, quieto, ao alcance da minha voz.
Chuviscou, e ali estava
molhando-se. Parou de chover,
e o lustroso pêlo reluzia
como a evocação desses campos
que eu temo e desejo. Fez-se tarde
e quando quis, por fim, estabelecer um pacto
com ele, senti o fedor do lobo.
- Ángel Crespo
Antología poética (1949-1995), Visor
1 comentário:
Eu deixaria sempre este poema a acompanhar a imagem acima:)
Extremamente apropriado. E profundo... Uma junção: palavras/imagem perfeita!
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