quarta-feira, setembro 21, 2011

Advento

Março, com o seu vento, parte-me os lábios
que não te beijaram, e devora as mãos
que não te percorreram na tarde do festejo.
Talvez as horas ocultem séculos sem história.

Meu silêncio ao cair da tarde te recompõe
como se fôsses estátua. E sinto-me isolado
na paisagem desperdiçada, à espera
do advento de um tempo em que tudo aconteça.

- Lêdo Ivo
in Cântico, Orfeu

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