à espera de algum ato tardio
que os pudesse ligar entre si e
reconciliá-los com aquele frio;
tudo está por enquanto inacabado.
Por que, dentro dos bolsos, um cartão
com o nome de cada? O ar de enfado
nas suas bocas, foi esforço vão
tentar lavá-lo: só ficou patente.
Mais áspera, a barba ainda nos rostos:
o zelador da morgue tem seus gostos;
nem os de boca aberta lhe dão náuseas.
Com os olhos revirados sob as pálpebras,
os mortos vêem-se agora interiormente.
- Rainer Maria Rilke
(tradução de José Paulo Paes)
in Poemas, Companhia das Letras
1 comentário:
Sublime!
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