segunda-feira, junho 06, 2011

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É muito difícil prender-nos uma arte quando é dela que gostamos mais. Sentimos logo o nada quase imperceptível de uma escolha duvidosa, radicalizamos de imediato um defeito dos fáceis de perdoar, alastramos a tudo a denúncia do mais inútil pormenor. Ainda por cima a fotografia. Toda a gente hábil no disparo, cada um com pretensão a praticante de um livro de instruções, ansioso por mostrar o jeito com a caixa de diapositivos. Quanto de mais gente é, de menos inventores acaba uma arte por ser. E então de mais fulgor em atingir-nos a raridade do seu conseguimento.

- Joaquim Manuel Magalhães
in Do Corvo a Santa Maria, Relógio D'Água

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