-[...] Na mobilização geral pelo trabalho, reforça-se uma evidência que seria, pelo contrário, necessário abolir: a de que não há outra maneira de existir senão trabalhando. De tal modo que trabalhar, hoje, corresponde menos a uma necessidade económica de produzir mercadorias do que a uma necessidade política de produzir produtores e consumidores. A produção tornou-se sem objeto. A figura de Bartleby, o escrivão de Melville que respondia às ordens para trabalhar com a fórmula "I would prefer not to", poderia servir de inspiração para desativar o sistema laborioso que suscita tanta mobilização: dos que o defendem para que nada se passe e dos que o atacam por ele se ter tornado tão exclusivo. E se, em vez da mobilização total com a qual se glorifica o trabalhador, que foi uma figura tanto do fascismo como do comunismo, o novo exército de não-trabalhadores recusasse assumir-se como multidão de desempregados e em vez de reivindicar o impossível gritasse em todas as praças "I would prefer not to"?
sexta-feira, junho 03, 2011
Separador:
extras
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário