Estende-se magra pelo seco, escava-se como se a si mesma, acrescenta-se desse contínuo roubar-se. Se o ouvido pudesse aproximar-se suficientemente perto, ouvir-se-ia provavelmente estalar (o som da sua progressão em ínfimas linhas quebradas).
Sob o arco da lupa um rasto de sal, um risco de luz. Pulsa a cada inclinação do olhar. Guarda a memória de rostos amados, glórias perdidas, o suor nos corpos, confundidos, trocados, esse mar que cresce dentro da tua cabeça, o dia em que acreditaste serias feliz, o dia em que descobriste já tinhas sido, o tempo que passou, a morte que cresceu, a ferida que na carne se fez cicatriz, triste sobre triste a correr para o fim, a cada instante a correr para o fim.
- Jorge Roque
in Broto Sofro, Averno
sexta-feira, novembro 26, 2010
Lágrima
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poesia de fora
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1 comentário:
Impressionante pela certeira beleza e pela vida que transborda.
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