quarta-feira, setembro 22, 2010

Um pobre instante

A morte não é mais que isto: o quarto,
a luminosa tarde na janela,
e esta cassete de rádio na mesa
-tão apagada como o teu coração-
com todas as suas canções cantadas para sempre.
Teu último suspiro permanece
dentro de mim em suspenso: não deixo que termine.
Sabes qual é, Joana, o próximo concerto?
Ouves os miúdos
que brincam no pátio da escola?
Quando esta tarde se acabar, como será a noite?
Noite de primavera: Virá gente.
A casa acenderá todas as suas luzes.

2 de junho de 2001

- Joan Margarit
in Joana, Hiperión

1 comentário:

Rui Pedro Gonçalves disse...

Maravilhoso, triste, real como a vida.