diante das pessoas. Não me importa
que confundas dever de com dever,
que uses dissestes em vez de disseste
quando te pões doida, ou que durmas
com comprimidos catorze horas por dia.
Posso aguentar a selva do vazio
onde vives, o teu frio e o teu calor
-sempre desmesurados-, as tuas histerias,
essa higiene obsessiva a que te entregas.
Posso esquecer que estejas feita uma drogadita
(quem não o foi certa vez?), as tuas sestas,
o teu narcisismo, as tuas ovulações.
Pouca diferença me faz que me enganes
com a tua cadelita de mala. Mas
há uma coisa que não posso perdoar-te,
e é que uses esse odioso disfarce
de vulgar leitora de manuais de auto-ajuda
e me aconselhes coisas como: «Faz
o que te pareça bem a cada instante»,
«Vive o dia», «Não penses demais
no passado nem no que tens pela frente»,
«Sê independente», «Nunca hipoteques
o teu tempo livre», «Tira o máximo
das relações na tua vida», «Sê feliz.»
Não suporto isto, minha querida.
Horroriza-me. Não o suporto.
- Luis Alberto de Cuenca
1 comentário:
Que sufoco!
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