terça-feira, setembro 21, 2010

Shakespeare e Rita

Ler William Shakespeare e conhecer a Rita
foram os dois feitos cruciais da minha vida.

Agora só me resta Shakespeare. A Rita foi-se
para o país das sombras e não pode voltar.

«Quand on est jeune, on a les matins triomphants.»
Não se pode negar que é um verso genial.

Eu era jovem nesse tempo, e as minhas manhãs
tão vitoriosas como a alergia na primavera.

Como tinha conseguido revalidar a matrícula,
os meus pais compraram-me a tradução de Astrana.

E nela li o velho Will, com o seu papel bíblia,
seus marcadores pintados e demais maravilhas.

De todo o seu teatro o que prefiro é Macbeth.
O do «ruído e a fúria» nunca o esquecerei.

Embora também me agrade muito A tempestade:
e das suas personagens prefira Calibán.

Das mulheres de Shakespeare, escolho Ofélia.
Entre outras coisas, porque a Rita era igual a ela.

De Shakespeare aprendi que tudo são palavras.
Do meu primeiro amor, que tudo vale nada.

- Luis Alberto de Cuenca

1 comentário:

LP disse...

Até dói!