segunda-feira, agosto 23, 2010

Esquece tudo.
Tapa os ouvidos com a concha
E ouve apenas a respiração do tempo.

Ouve o que te digo. Ouve o teu coração.
Projecta o teu olhar na sombra das faias.
O teu olhar é sombrio. O teu olhar é luminoso.

Deixa que as árvores absorvam o brilho dos teus olhos
E depois fecha-os.
Fecha-os devagar como se pedisses licença
À claridade.

Sente a luz. Vive a escuridão.
Sente o vento a ondular as tuas pestanas e as tuas palavras.

Pressente a aproximação do lago nos teus olhos.
Toca a sua humidade com a tua pele.
Depois, entra na liquidez pura e deixa o teu corpo
Ficar submerso até que queiras respirar.

Abre os olhos.
Deixa-os reter as águas como uma pedra côncava.

És neste momento o outro espelho.
Esquece que o és.
Esquece tudo.
Respira apenas com o teu brilho
A luminosidade dos dias.

1 comentário:

CCF disse...

Muito antigas, muito bonitas!
~CC~