para a Vera Mantero
Os corpos não suportam
A improvisação do músico contorcido
A tocar saxofone nas barracas de Los Angeles.
É impossível o movimento de um saco a bailar
Na rua Marquês de Fronteira,
Com os reclusos em frente
Ainda que os jardins tenham sido palco de valsas ou de um bolero.
Não há linguagem – dizes tu– ou há outras formas
De dizermos
Eu tive um amor,
Mas com outros gestos
Com outra expressão facial
Rebolada em chocolate.
A dança não é óbvia – são palavras tuas.
Como não será evidente
Um comboio optar por outro trajecto
Em marcha contemporânea
Serpenteda nas travessas de Lisboa.
E fica ao corpo
A opção
Entre o gesto livre
E a lógica matemática de uma escada em degraus aritméticos.
E dançamos – de algum modo –
Quase sempre em linha recta,
Provavelmente
Em perda linear.
O poema terminou.
Podes fechar o palco
(e pensar na impossibilidade de termos alguma vez bailado).
2 comentários:
Obrigada pela sua colaboração no teste ontem efectuado. Correspondeu ao esperado. Afinal o poema estava perfeito. Renovo os meus parábens pela criatividade.
???
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