quinta-feira, julho 08, 2010

Talvez ela pudesse dançar depois

para a Vera Mantero

Os corpos não suportam
A improvisação do músico contorcido
A tocar saxofone nas barracas de Los Angeles.

É impossível o movimento de um saco a bailar
Na rua Marquês de Fronteira,
Com os reclusos em frente
Ainda que os jardins tenham sido palco de valsas ou de um bolero.

Não há linguagem – dizes tu– ou há outras formas
De dizermos
Eu tive um amor,
Mas com outros gestos
Com outra expressão facial
Rebolada em chocolate.

A dança não é óbvia – são palavras tuas.
Como não será evidente
Um comboio optar por outro trajecto
Em marcha contemporânea
Serpenteda nas travessas de Lisboa.

E fica ao corpo
A opção
Entre o gesto livre
E a lógica matemática de uma escada em degraus aritméticos.

E dançamos – de algum modo –
Quase sempre em linha recta,
Provavelmente
Em perda linear.

O poema terminou.

Podes fechar o palco

(e pensar na impossibilidade de termos alguma vez bailado).

2 comentários:

Manifesto Surrealista disse...

Obrigada pela sua colaboração no teste ontem efectuado. Correspondeu ao esperado. Afinal o poema estava perfeito. Renovo os meus parábens pela criatividade.

Rui Pedro Gonçalves disse...

???