É ela a mulher, roçando pela areia, desfazendo
a seda do casulo, lentamente, como se os seus
cabelos saíssem daquele livro, onde tudo está
inscrito, a paixão derradeira e os objectos
musicais. O seu corpo é um lírio fortalecido pelos
cavalos. Os seus dedos cruzam-se com a morte
dos pássaros. Lizzie anda pela humidade com as
veias expostas ao calor. Arruína a ilha com o sangue,
dissolve-se na erva. Depois, vem a escuridão e um
sorriso coberto de veneno. Já não traz óleo sobre a
pele, nem os corvos se atiram contra o perfume dos
vestidos. A agonia devora o nevoeiro e nada mais
existe do que uma sombra, o fim.
É esta a fala do homem, antes da morte.
- Jaime Rocha
in Lacrimatória, Relógio D'Água
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