que tão alheia a mim amadurece e morre vertiginosamente.
Essa formosura efémera como um fruto perfeito
que se solta do ramo e desenha no ar
um brilho derramado, um ouro inútil.
___________________________E digo para mim:
«Se eu estendesse as mãos com o arrojo do valente, se soubesse
fazer meu outra vez o prodigioso meio-dia
em que a luz estava como ancorada no céu
num presente imóvel que em mim achava sua origem».
Mas sei-me vencido. E nada tento nas horas desertas
em que me fere a nostalgia de tanta plenitude.
E reconheço nesta paz vazia
que já tudo está longe e não se pode agora
voltar a essa ventura, ser de novo tão livre
como naquele tempo que o esquecimento arrebata à memória,
quando todas as coisas eram minhas e eu possuía o mundo
com a ousadia e a inocência de um deus adolescente.
- Eloy Sánchez Rosillo
(tradução de José Bento)
in As coisas como foram, Assírio e Alvim
Sem comentários:
Enviar um comentário