quarta-feira, fevereiro 24, 2010

A casa vazia

Abre a porta e acende a luz.
____________________É muito tarde
e sabe que ninguém o espera em sua casa.
______________________________Tudo
continua no seu lugar e o silêncio pesa
sobre as coisas mudas que o ignoram.
Vai de cá para lá, pelo corredor, pelos aposentos
vazios, e não sabe o que fazer, porquê esta noite
está tudo tão longe.
______________Pega num livro.
Fica a ler uns momentos.
__________________Depois, ouve
enfadado uma música.
________________Entretanto, a madrugada
avança lentamente.
______________Talvez alguma rosa
dessa jarra que está sobre a mesa
deixe cair suas pétalas murchas.

- Eloy Sánchez Rosillo
(tradução de José Bento)
in As coisas como foram, Assírio e Alvim

1 comentário:

Cristina Gomes da Silva disse...

A solidão pode ser um encontro com o silêncio. Às vezes fecundo outras não.
Muito belo este deambular.