uma mulher arde no
centro da minha
casa, consome o corpo
de amor
mulher cantando uma
ladainha, descalça na
pedra do chão, caem-lhe
cerejas dos dedos que tocadas
à boca das pessoas
trazem caroços à
mão como gotas de luz
sou um poeta, ignoro
também as coisas todas
escrevo livros nos olhos
de dante, os pescadores em
círculos nas ondas, o
mar espalmado nas minhas mãos
tanto me faz, doido de nada ou
doido de tudo, sou pasto
do vento e um fogo pálido
onde o mar se vem aquecer
colecciono até o inferno, poema
mais difícil de escrever
assusta-me que o
ofício da luz perca os
objectos ou estas longas
paisagens. mas farto-me das
coisas que, ao mínimo
vislumbre, parecem
reais
posso falar do mar
como um incêndio de
água e erguê-lo em
chamas numa só
palavra, efeito secundário
da boca
existe uma arritmia ténue
no coração de quem recusou
o amor de outrém, um coração
ténue que se sobrepõe ao que
já se tem
a morte não me
assusta, hei-de voar-lhe
no céu da boca
assim que se prepare para
me engolir
sabes, não é como
os bichos, o céu muda
de pele mas não temos
prova disso
por isso persigo o pôr do sol
janelas abertas e
vacilo
lágrima, pavio de
água que acabo de
acender, arde, onde
por fim parto- valter hugo mãe
in três minutos antes de a maré encher
quinta-feira, novembro 12, 2009
2.
Separador:
poesia de fora
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