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Li hoje um poema medido a pulso
dentro de mim. Sede pousada no labirinto
e, no centro, aquele conhecido verso
secreto que amanhece nas açoteias.
Disponível para o sexo e para as cousas d'alma.
Ah li-o, e era um bicho exasperado
por sair à caça
com o sol a dar-lhe no dorso alquímico dos sonhos.
Dum vigésimo andar pode partir-se
com botijas de oxigénio
ou de binóculos. Precário, insubmisso
ao Estado das coisas.
São outros, porém, os cravos
da moderna paixão:
casamentos, relógios de ponto,
habitação própria domesticam
o horizonte, e o horizonte
basta.
- Paulo da Costa Domingos
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