sexta-feira, setembro 04, 2009

Carolyn Kizer

Tanto a minha mãe como o meu pai leram-me poesia em voz alta quando eu era criança. Tenho a certeza de que esta é uma das principais razões por que sou poeta. Mas mesmo que o não fosse, continuaria a ser uma amante de poesia por causa disso. E nós precisamos de leitores tanto quanto necessitamos de poetas! Eu espero que os vossos pais leiam em voz alta para vós, e espero também que - quando forem pais - leiam para os vossos filhos. Sentarmo-nos ao colo de alguém, escutando uma voz amada dizendo as palavras e explicando as partes difíceis, e repetindo pacientemente um poema que já ouvimos dúzias de vezes - porque o adoramos! - é a maneira de começarmos a amar as palavras. E este amor dura uma vida inteira.
(versão minha do depoimento da autora reproduzido em The invisible ladder, selecção e organização de Liz Rosenberg, Henry Holt and Company, Nova Iorque, 1996, p. 7).

3 comentários:

Unknown disse...

demasiada burguesia até entontece...
de qualquer das formas, podemos sempre pegar nos restos e tentar formar algo de decente com os ossos.
aqui está o esqueleto deste texto:

http://quaseponto.blogspot.com/2009/09/nunca-os-meus-pais-me-leram-poesia.html

LP disse...

A mim também me aconteceu o mesmo: os meus pais nunca (me) leram poesia. Daí a ficar-se com "raiva" por isso ter acontecido a outros é que já me parece um bocadinho exagerado.

Unknown disse...

caro lp

lamento que tenha compreendido o meu texto assim... se a minha raiva fosse para o facto de não me terem lido poesia seria sinal de que teria, no mínimo, falta de algo mais interessante em que pensar.

esclarecendo, e como disse no comentário que deixei ao texto em questão, a raiva vai toda para com o delírio aburguesado que está na origem desse texto. de facto, e por muito bela que seja a imagem de pais a lerem aos seus filhos, isso não é uma condição sine qua non para que se desperte o amor das e pelas palavras. e como deverá admitir, actualmente são poucas as pessoas com o tempo disponível para isso - há que "criar" o dinheiro que traz os livros.