quinta-feira, janeiro 01, 2009

Morte!

Calaram as suas ordens, as Armas, enquanto
Não vibram outra vez em mãos admiráveis
Ou ignóbeis e, tristes, mal sonhando, vamos
Com os braços caídos, entre vagas Fábulas.

As Armas já calaram as ordens que esperávamos,
Até nós, sonhadores mentirosos que somos,
Com vergonha dos braços caindo, atrasados,
E lá vamos, frustrados, pelo meio dos homens.

Armas, vibrai! Tomai-as, admiráveis mãos,
Ou ignóbeis, à falta de outras admiráveis!
Tomai-as e chamai os que Embora se vão
Em ficções mais incertas que areias instáveis.

Não arrancais do sonho o nosso êxodo atroz?
Morremos sendo assim, lânguidos, quase infames!
Armas, falai! As vossas ordens são para nós
A vida enfim florida na ponta das lâminas.

A morte nossa amada, que sempre surgia
No fim deste caminho de ortigas inglórias,
Oh, a morte sem mais pesadas agonias,
Delícia cujo anúncio é a sua vitória!

- Paul Verlaine

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