quarta-feira, fevereiro 06, 2008
Raúl Brandão
Deus não existe,
não pode existir,
já que se Deus,
nunca esta dor no peito
(qual peito qual quê)
esta dor
(qual dor qual quê),
nunca esta fúria sem freio
que faz de nós
húmus
terra
podre, cansada de tanto corpo exangue.
Lançados como farrapos
na sede convulsa de sangue
da terra que não queremos ser.
Deus não existe,
mas tu conhece-lo,
e és condenado a ser também tu
(também a tua escrita lavrada a lágrimas que não saem dos olhos que secaram)
mais um farrapo largado na borda da estrada
onde a ausência do deus-ausência
marca em sulcos o pavimento
onde se amontoam os farrapos.
Os cães ladram sequiosos de noite
da noite minhota que faz de nós cães com sede de noite.
Minhota.
És sede de noite, paladino da ausência.
Tal como o que escreves
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