sexta-feira, fevereiro 08, 2008

a antonio maria lisboa

O rato abriu o interior da cúpula
os amantes acharam água e mármore
criança de olhos de oiro ergue-te e anda
as portas estão abertas __escancarado
o mundo das distancias incalculáveis
e as palavras sentadas inúteis à porta dos dias
as trémulas palavras ainda quentes
dos machados de seda dos teus lábios
procuram sem cuidado a vertical
da nova supliciada arquitectura

O amor é um sentido! O amor é um sentido!
_______O AMOR É UM SENTIDO!

O amor é uma chave que deve perder-se
um burro que tropeça na vastidão dos mares
um solário na areia para soldados meninos
uma luz e uma sombra a cercar-nos a língua
Mas tu chegaste antes das pedrarias
antes de todo o intervalo para o crime
um risco de bondade separava as estátuas
e a treva era paciente no teu joelho

E depois longo tempo eu te perdi de vista
lá longe, numa fonte cheia de fogos-fátuos

De andaime para andaime o rato PASSA
de estrela em estrela - rumo aos arquipélagos -
uma minúscula mão percorre o espaço
como tu, Duque, deveste correr
a pé os mais altos montes
como ris no Himalaia antes de lá chegarem
com a arca de noé e quatro ou cinco dúvidas suplementares
os de sempre os
mestres - Mestres em morte! - (Eles agora pensam que é chegada
______a altura
de ensinar os montes a ler e a escrever...)

Estrela de Todas as Horas Odasashor - Asest - R

Daqui até Saturno sempre houve muito que andar
a não ser que se tome o caminho mais íngreme
eu tomei - se tomei! - o caminho mais íngreme
a raia da floresta entre onda e a lua
quando voltei não estavas __só a sombra de um deus
falava da tua força e do teu hábito
Mas hoje as tuas mãos parecem-se comigo

Já não se trata de dançar com os mortos
ou de pedir à vida catedrais
maiores que o outro sono

Já não se trata de elmos e clareiras
onde o demónio grita deslumbrado

Mas de se olhar nos olhos a torrente
mas de tocar com o pulso um sol antigo
lá longe, onde se cruzam as nascentes

- Mário Cesariny

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