Às vezes ainda ignoramos todos os avisos
e em vez de passarmos outra tarde
sob o abrigo do silêncio,
espreitando as metáforas no fundo
das garrafas ou na cinza dos cigarros,
preferimos entreter os nossos malefícios
e ficamos por aqui, como quem encaixa
números no patético drama do sudoku.
No entanto, preferimos fazê-lo de um jeito
ligeiramente diferente.
Visto que sofremos de alergia ao fascismo
da matemática, vamos cuspindo verbos,
sem aquecimento, em conjugações no infinitivo,
como se pudéssemos viciar os nossos poemas,
tão sem qualidades como nós, para que tomem o lugar
que deixamos vazio no fundo da mesa
quando nos levantamos, pagamos a conta
e entregamos o corpo às contas que a noite faz.
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