Que farás tu meu Deus, quando eu morrer?
Sou a tua ânfora (quando me quebrar?)
Sou tua bebida (quando me estragar?)
Sou o teu hálito e o teu ofício,
Comigo perdes tu o teu sentido.
Depois de mim não tens casa, com palavras
próximas e quentes para te saudar.
Vai cair de teus cansados pés
a sandália de veludo, que sou eu.
O teu grande manto desprende-se de ti.
O teu olhar, que eu com a minha face
quente como um travesseiro recebo,
virá, e me buscará longamente -
e irá deitar-se, ao sol-pôr,
no regaço de pedras estranhas.
Que farás tu, meu Deus? Tremo de medo.
- Rainer Maria Rilke
Sem comentários:
Enviar um comentário