A direita quer-se serena.
Uma direita assustada sai do seu caminho e começa a fazer zigue-zague embatendo nas paredes e só circunstancialmente cruzando a linha a direito por onde seguia o passo dos racionais e realistas.
A direita não se deve deixar entusiasmar, deve ser moderada e séria. É a classe dos anciães que já tiveram muito tempo para analisar e compreender as questões mais difíceis do debate social e político.
Mas nos últimos anos e face aos exageros de uma esquerda que gosta de abusar e dar muito nas vistas, tem surgido em resposta uma direita que não é realmente de direita, é uma contra-esquerda. São meninos e meninas sem idade para já terem todo aquele espírito de compreensão e paciência com os que ainda estão a debater-se com a realidade, e, que acabam também por demonstrar traços de grave imaleabilidade.
Precisamos de uma direita gerontocrática, que não ceda às instabilidades da esquerda imbecil, essa que só se sente bem se estiver a tentar deitar alguma coisa abaixo.
A esquerda em Portugal está à procura da sua identidade e infelizmente é a direita que está a perder a sua identidade.
Os conflitos mundiais têm servido para emburrecer a direita. Há muita gente que gosta de se encimar no plano político e que para lá leva os seus medos e perturbações tentando convertê-los em disciplinas razoáveis.
O conflito cultural entre o ocidente e o médio-oriente é um grave problema para as mentes imberbes que não conseguem encaixar essa ameaça, que parte de um completo atrofiamento causado pela falta de liberdades e pela manipulação das consciências.
Já se sabe que os fundamentalistas em qualquer lado são sempre bichos enclausurados nas suas compreensões deficientes da realidade. É gente que escolhe um alvo e atira-lhe com tudo o que está mal.
O alvo neste momento temos sido nós.
As sociedades livres têm sido ameaçadas e o medo faz as pessoas regredirem, estupidificarem... É que quando alguém nos agride com fundamentalismos aos poucos também nós vamos ganhando uma aversão que nos torna opositores fundamentalistas. Entretanto acontece que em vez de fazermos uma compreensão das distâncias que nos separam partimos para uma lógica de defesa/agressão ao inimigo.
Não há inimigo!
E se eles fizeram de nós o inimigo é porque eles estão nessa situação em que as liberdades foram de tal maneiras esmagadas que se tornaram reféns de morais sujas, alimentadas pelo ódio que afinal nasce na própria condição de uma dignidade miserável.
Há pouco deixei a um texto de um dos colaboradores da Atlântico um comentário que me motivou para escrever este post.
Neste texto o rapaz anda por ali às voltas com aqueles argumentos que se tornaram demasiado constantes na nova direita e que servem sempre essa conjectura do desastre que nos abeira de uma consciência preparada para o conflito:
"Uma coisa ter-se-á que aprender, nem que seja na escola e desde tenra idade: não podemos ficar pendentes de fatwahs, birras ou iminentes indignações do mundo muçulmano, por suposto delito de opinião. A matriz moral, as garantias e os direitos adquiridos e sedimentados ao longo de séculos, não podem ser postos em causa pelos próprios. Sobretudo, ou tão só, quando não há razões objectivas - de facto e de júri - para tal acontecer (já a reacção de Khomeini aos Versículos Satânicos tinha sido, então, absolutamente ridícula). A capitulação moral e mental do ocidente face à reacção dos «ofendidinhos» tem limites. E tem de acabar."
Eis a minha resposta:
Sim, tem que acabar. Não há dúvida que sim, que tem mesmo que acabar.
A questão interessante, aliás a única questão interessante e aquela que tu nem por perto exploras é como fazê-lo, dentro de que tipo de ligação é que será possível acabar com a intolerância deles.
Isto porque o teu texto que parece ter toda a autoridade para reclamar o ponto final, acaba no fim por permitir que quem o leia se aproxime da atitude intolerante de quem está do outro lado.
É que o mais interessante nestes textos de inteligência é tantas vezes eles serem exteriorizações de uma desculpa para o vosso cansaço que já espera uma mudança de atitude, talvez a arrogância de se usar a força para conseguir a conformidade.
“Um par de estalos nesses filhos da puta é o que eles precisam para se deixarem de merdas, não?
Porque não há jeito nenhum a dar, é bater ou apanhar.”
Estes textos são de uma inutilidade agressiva. Se devemos manter a consciência que as liberdades ocidentais não podem ceder - tu vê lá se atinas com isto - exactamente por sermos sociedades compreensivas é que não podemos mesmo se atacados responder ao mesmo nível. A nossa superioridade exige superioridade de meios e a desculpa da melhor defesa possível ser um ataque de prevenção é uma consciência de fraco, é a cedência ao medo, ao desrespeito pelo que a cultura nos ensina. Devemos viver sob a ameaça dos fundamentalistas até encontrarmos as soluções para os dissuadirmos das suas manifestações de ódio.
O ódio é sempre revelação de uma fraca presença de espírito, é uma bestialidade e é difícil reagir ao ódio com outra coisa senão mais ódio mas é essa a nossa difícil tarefa.
O ocidente aos poucos já está a conquistar esses lugares apodrecidas pela asfixia das liberdades. Temos que ser pacientes, o nosso estilo de vida é superior e será imitado.
O que temos é que dar o exemplo.
Aguentem-se
5 comentários:
Ai Diogo, tu vens-te tanto rapaz! Eu não consigo acompanhar. Olha só ontem ouvi-te no fear ali ao lado, temos a voz parecida, não sei porquê a minha não envelhece.
Quanto a isto olha o nojo:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1297838
está-se a discutir isto e afins no Aspirina, acho que é telebarbaridade.
Mas agora vou espraiar. Boas,
Caro Diogo, a tolerância dos tolerantes para com os intolerantes, não é infinita.
Há condições objectivas em que os tolerantes têm de ser intolerantes.
Uma delas é quando acreditarem sinceramente e com fundamento, que a intolerância é necessária para a sua própria segurança.
A justiça não exige que se assista passivamente à destruição da própria base da sua existência.
Renunciar a si próprio (dar a outra face), pode ser muito "cristão", mas não resulta em benefício de ninguém.
admito que o lidador pense bem, e pense assim. eu penso de forma absolutamente diferente.
não há novidade nenhuma na intolerância, já está visto o seu resultado.
já pensou em dar uma oportunidade a outra atitude?
Caro Diogo, não estou a falar de mim.
É verdade que conhecendo a força natural dos nossos valores e instituições, podemos manter, como parece ser o seu caso, confiança de que as tendências que dela se afastam poderão ser absorvidas e não triunfarão.
Mas é a partir dessa mesma confiança na justiça dos nossos valores que não devemos temer parecer intolerantes ao limitar a liberdade de que goza o intolerante, nos casos especiais em que tal seja necessário para conservar a própria liberdade igual para todos.
Concluindo, os intolerantes não têm legitimidade para protestar contra a intolerância e quem pratica a tolerânxcia tem OBRIGAÇÃO de ser intolerante nos casos que referi.
Os justos guiam-se pelos principios de justiça e não pelos protestos ou silêncios dos injustos.
olha o Lidador aqui!
Sim, mesmo continuando a pensar que a invasão do Iraque foi um erro, a minha tolerância só vai até um certo ponto. A partir daí não respondo por mim.
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