Desalento
é beber o copo d’água
esquecido na véspera
sobre a fórmica rachada
e merecer o seu fénico
discurso
Desalento
não é vê-lo meio vazio
mas ser indiferente estar cheio,
duvidosa estrela d’alba
que nos dá os primeiros, raios!,
da manhã
Como os girassóis,
apenas numa fase inicial da vida
a seguimos ao longo do dia –
o tempo que resta será dedicado,
como fez Vincent, a pintá-los
sobre um fundo de desespero
Doze numa jarra,
a deixar passar de propósito
a nossa estação -
se isto parece exagero, considera
as pétalas e depois
multiplica pelas raízes
- Luís Pedroso
(inédito)
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