Passámos o Inverno de 1919-1920 em Sevilha, onde vi o meu primeiro poema em letra de imprensa, "Himno al mar". Apareceu em "Grecia" no número de 3 de Dezembro de 1919 (...). Em Sevilha relacionei-me com o grupo literário formado à volta da revista "Grecia". Os membros deste grupo, dito Ultraísta, propunham-se renovar a literatura, um ramo das artes que ignoravam por completo. (...) assombrou a minha mentalidade argentina saber que os ultraístas sevilhanos desconheciam o francês, e não tinham o mais pequeno indício da existência de uma coisa chamada literatura inglesa. Chegaram mesmo a apresentar-me uma celebridade local popularmente conhecida como "O Humanista" (Miguel Romero Martínez), e não demorei a descobrir que sabia muito menos latim que eu. Quanto à "Grecia", o seu director, Isaac del Vando, era senhor de um "corpus" poético inteiramente escrito por um ou outro dos seus ajudantes. Recordo que um deles me disse certa vez: "Ando ocupadíssimo: o Isaac está a escrever um poema"
- Jorge Luis Borges, "Memorias"
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