quinta-feira, março 10, 2016

Livraria alfarrabista


Um morto pede a um morto um livro morto.
Não tenho ilusões que me sirvam de conforto
neste canto escuro, sofrido, caro
ao bom Carletto. Outrora um refúgio
me pareceu, contra os horrores do tempo.
Mas esse tempo passou e com ele
o que amava na vida. Por me sentir desanimado
e abandonado choro, como tu choravas
quando eras ainda criança e perdias
a tua mãe na confusão do mercado.

- Umberto Saba
versão de Jorge Sousa Braga

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