I ask, «Are you the one whom Dante
Heard dictate the Inferno?» She answers «Yes.»
Anna Akhmatova, «The Muse»
(tradução de Elaine Feinstein)
Depois aquele furtivo passeio
pela vila adormecida ao luar
– até ao barranco das oliveiras.
Sob aroma de flor que só de noite
ondula por telhados e terraços.
O beijo tombado num adeus breve
com o pé no pedal da bicicleta.
Sombra trémula atrás de vidro baço
numa acesa janela anota a cena.
Sob o ceptro de flor que só de noite
ronda porta, travessas e arcadas.
Inferno, Purgatório, Paraíso
– safiras de seus dedos sem anéis.
Tua voz, um perfume, na varanda
– corpo de oiro perdido no caminho.
Sob a graça de flor que só de noite
abre e cerra a sua copa no mirante.
O céu negro, o calor, outra província:
clara fonte cantando nos ouvidos
– esse rumor em versos soletrado.
- José António Almeida
in Arco da Porta do Mar, & etc
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