quinta-feira, janeiro 13, 2011

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Nos últimos tempos falou-se muito de poesia podre. Gostaria que me citassem uma que o não seja. Com uma decomposição requintada é que a poesia, seja escrita ou pintada, vista ou ouvida, constrói os seus acordes. Podê-la-íamos definir assim: a poesia forma-se à superfície do mundo como os irisados à superfície de um pântano. Que o mundo o não lamente. Resulta das zonas profundas.
É disto que eu falo ao escrever «podridão divina». A que procura, no fundo da alma humana, a sua resposta nas ondulações resplandecentes de Deus.

- Jean Cocteau
in Visão invisível, Assírio & Alvim

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