segunda-feira, janeiro 27, 2020

Milão, agosto de 1943


Em vão buscas entre o pó,
pobre mão, a cidade jaz morta.
Morreu: ouviu-se no último estampido
sobre o coração de Naviglio. E o rouxinol
caiu da antena, erguida sobre o convento
onde cantava antes do ocaso.
Não caveis poços nos pátios:
os vivos já não têm sede.
Não cutuqueis os mortos, tão rubros, tão inchados:
deixai-os na terra das suas casas:
a cidade jaz morta, morreu.

- Salvatore Quasimodo

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