segunda-feira, janeiro 27, 2020

Cor de chuva e de ferro


Dizias: morte silêncio solidão;
como amor, vida. Palavras
das nossas provisórias imagens.
E o vento leve se ergueu cada manhã
e o tempo cor de chuva e de ferro
passou sobre as pedras,
sobre o nosso cerrado zumbido de malditos.
A verdade, contudo, mantém-se distante.
E diz-me, homem desfeito na cruz,
e tu, o das mãos inchadas de sangue,
o que direi aos que perguntam?
Agora, agora: antes que mais silêncio
entre nos olhos, antes que mais vento
se erga e mais ferrugem floresça.

- Salvatore Quasimodo

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