quinta-feira, dezembro 15, 2016

Nunca vi uma morte


tão transparente
como a que amanhecia
do outro lado da minha janela
entrançada nos ramos
das bétulas brancas.
Nunca vi uma morte
tão desamparada,
roubando o abrigo
às crianças ciganas
perante a queda
da lâmina da neve.
Nunca vi uma morte
que sem pronunciar nome algum
abraçasse qualquer corpo
com tão minuciosa suavidade.
Nunca mais voltei a ver
uma morte tão clara
como aquele setembro
de ano invisível
quando a pátria se desvanecia
como um animal à beira da extinção.

- Natalia Litvinova

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