sábado, novembro 12, 2016



Leonard era um nome completo, estranho de tão íntimo entre lábios que bebiam junto de uma janela, tinha vindo a pé por um caminho que ele mesmo fechava, rasurando-o, ensinara o vento a ler nas suas costas, de miúdo trazia educada uma solenidade com a pronúncia de quem passa dias calado, um sorriso feito com as pontas dos dedos, a chave lançada muito longe, podia ser um bom sacana se um perfume lhe levantava do chão o castanho escuro dos olhos, depois tinha aquele ameaçador talento de ficar quieto, dias como quem sente o fundo, percebia a vergonha de cada palavra, com elas tinha cuidados de cavalheiro, sem querer juntava gente demais à sua volta, e era obrigado depois a pedir desculpa, sair de fininho, um homem natural dos que ficam a pé até à hora em que o público se desfaz, levando todos e cada um a casa, esperou que entrasses, lá em cima viu apagar-se a luz, já dormias quando do chão levantou uma dessas pedras que, se as lanças a uma altura suficiente, no corte do ar lhe tomam o gosto e aprendem a voar.

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