E o tempo, o próprio tempo sequioso, boquiaberto,
ladeia muros, amplia-se em deserto
vivo solilóquio que me acomoda os passos,
em derredor penumbra, afinidade.
Branco como a cal que o comemora
sinto nele a verdade, o pasmo do encontro
e bebo água ungida por cadáveres,
alheado da vida que suporto.
E vou deslumbrado pelo mundo,
recolhendo ossos, desfazendo pegadas,
refazendo o ser que me enamora,
tecendo a minha própria eternidade.
- Ruy Cinatti
in 75 Poemas, Averno
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