para o Zé Prata e o Mário Prata
Assalta-te por vezes a lembrança desse trio
numa tarde de Agosto. Uma tarde certamente
já esquecida por qualquer dos outros dois.
Atrás do cemitério, na sombra de uma tília:
o tabaco, a música, as encostas e o rio,
tudo aproveitado como sempre
até ao filtro. Estivéreis naquele lugar
vezes sem conta, vós e outros,
durante os longos, breves anos de liceu.
E entretanto o liceu, ali ao lado, vazio
e mudo como o próprio cemitério, menos
de dois meses sobre o derradeiro exame.
Por encobertas razões te ocorre agora:
dos três, vieste a ser o único a ficar livre
da tropa. Da vida, em todo o caso, talvez não.
Haveis de concordar, se alguma vez falardes
disto: éreis tão novos naquela primeira tarde
em que vos sentistes velhos.
- Vítor Nogueira
in Segunda voz, Averno
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