É nos bolsos que cabe o que nós somos.
Levamos tudo logo pela manhã,
são remorsos junto de laranjas,
são recados tristíssimos, romances.
Lâminas enferrujadas e romãs,
longínquas romãs e efemérides,
garras rasgando os rins,
venenos subtis e laços desatados.
É nos bolsos que somos
lembranças, compromissos
e mãos que se arreceiam,
molhadas de experiência.
Maio sob papéis, manchas de tinta,
algum cotão e fósforos,
um telegrama velho, uma moeda,
um pouco de alegria misturada a tabaco.
- António Rebordão Navarro
in A Condição Reflexa, Imprensa Nacional
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